quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Sou eu, mas podia ser você. É Salvador, mas poderia ser São Paulo!"


Imagem: Salvador Dali


Salvador é a cidade do boato, não se pode negar, em tempos de agilidade tecnológica a coisa só piora. Um carinha que está no Cab posta que houve um arrastão, o colega de Nazaré reproduz/compartilha, em 1h toda a cidade está a par dos arrastões que vem acontecendo na cidade. Mas, não foi só um? Ai já não adianta apuração ou 100 outros posts negando, a porra já se espalhou...

A terceira maior cidade do Brasil vive um caos administrativo, metereológico, de cidadania, falta tudo e sobra nada, é desesperador. Professores em greve, rodoviários parando, médicos em incessantes paralisações, a TranSalvador é a piada do século. Não vemos avanços, melhorias, soluções, nada, isso não é novidade para nenhum residente da nossa cidade (é mais do mesmo). A sensação é de que a cidade vem sendo puxada para o fundo do poço, sem relutar, simplesmente vai junto com a maré. O que vem a seguir é um relato simples, de alguém que estuda, trabalha e se locomove por Salvador, essa é a minha rotina, mas tenho certeza que poderia ser a sua.

Moro na extremidade da cidade, em Mussurunga (já fui nômade, passei por Cajazeiras, Itinga, Nordeste e Fazenda Grande do Retiro), trabalho no Centro Histórico, num horário até agradável, às 9h, entretanto, é impossível praticá-lo sem sair de casa, 6h30 da matina. Ando bastante, vou para a Paralela (20min), para pegar um ônibus que me deixa no Aquidabã, a 10min do trabalho. Saio de lá às 13h, vou andando até a Carlos Gomes (20min) para chegar ao meu segundo trabalho, na Ondina.

A volta para casa é o mais complicado, o horário é de pico, chegar em casa antes das 20h30 é praticamente uma proeza. Hoje (22), dia que antecede a greve dos rodoviários, manifestações assolaram o início da noite, às 20h, consegui chegar à Chapada do Rio Vermelho, a quilômetros de distância do meu destino final. E era um ônibus cheio, DJ de buzu, porque vamos e convenhamos, uma placa que sequer foi pregada, vai fiscalizar?

Finalizo esse texto ao chegar à Boca do Rio, imaginem que um segundo ônibus ainda me espera, mas a questão aqui não são os meus problemas, é essa sensação de apatia, de nada mais pode dar certo. O texto antes de qualquer coisa busca a discussão, de como mudar o amanhã, sem demagogia, sem super-heróis ou gênio da lâmpada. Me ajudem, preciso entender o que tem dado errado.

Ps¹. Cheguei em casa, às 21h11.

Ps². Alguém precisa avisar a colega de camiseta de listras brancas, roxas e lilás que já existe desodorante 24h.

Ps³. A nossa DJ precisa de aulas de como dançar arrocha.


*Texto da jornalista colaboradora Danielle Antão.

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