sexta-feira, 18 de maio de 2012

Seca na Bahia. Clamemos a São Luiz Gonzaga!




“Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão”


“Asa Branca” foi composta em 1947, por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A música conta a história de um nordestino que foi obrigado a se mudar por causa da intensa seca. Esse baião ecoa como o hino do sertão nordestino, e de um povo sofredor a pedido de socorro.








Antes do sucesso “Asa branca”, em 1938, o escritor Graciliano Ramos lançou o livro “Vidas Secas” que conta a história de uma família de retirantes nordestinos que convive com a seca e a extrema pobreza, chamando atenção da população, para as condições precárias que viviam os sertanejos. Passaram-se mais de 70 anos e o que mudou? Nada, apenas o Estado que sofre a cada ano.

Ao todo, 238 municípios baianos estão em estado de emergência por falta de chuva. Em algumas localidades não choveu nenhum dia este ano. Entretanto, a seca não é surpresa para nenhum governo. Em entrevista ao Bahia Notícias, o ex-diretor da Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), o engenheiro Manoel Bomfim, afirma que foi feito há mais de 40 anos, pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), um estudo que comprovou que as grandes secas se repetem na Bahia, em média, a cada 26 anos.

Se o governo sabe que a seca é cíclica, porque não toma atitude para amenizar seu impacto? A resposta é simples, levar água encanada para todas as regiões e construir açudes não é “eleitoralmente viável”. É muito mais cômodo ao prefeito “tal” ou vereador “Zé” levar um carro pipa para os necessitados em troca de votos. É assim que muitos políticos sobrevivem e não é do interesse deles acabar com esta prática viciosa.

Fiel ao PT nos últimos anos, elegendo como presidentes, Lula e Dilma, o povo nordestino sofre com falta de políticas estruturantes. Os programas de renda mínima, como Bolsa Família são importantes, mas, não são suficientes para tirar milhões de pessoas da linha da pobreza. Qualquer plano que não inclua a intensa industrialização, a qualificação profissional, combinado com projetos estruturantes como transposição de rios e água encanada para todos, não será eficaz para acabar com a miséria da região.

Enquanto isso Súplica Cearense, Asa Branca, Vidas Secas e os Sertões, continuam muito atuais.


“Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão”

Súplica Cearense

Um comentário:

  1. Parabéns pelo post. Quanto a questão da transposição de rios, é preciso repensar isso como solução. Tem gente que vive à beira do São Francisco por exemplo e, mesmo assim, em condições tão precárias quanto quem vive no meio da seca (!) Se os ribeirinhos são mal atendidos com a "solução" ali diante deles, transpor essa solução vai resolver alguma coisa? Tecnicamente sim, mas brasileiramente sabemos que não.

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