“Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão”
“Asa Branca” foi composta em 1947, por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A música conta a história de um nordestino que foi obrigado a se mudar por causa da intensa seca. Esse baião ecoa como o hino do sertão nordestino, e de um povo sofredor a pedido de socorro.
Antes do sucesso “Asa branca”, em
1938, o escritor Graciliano Ramos lançou o livro “Vidas Secas” que conta a
história de uma família de retirantes nordestinos que convive com a seca e a extrema
pobreza, chamando atenção da população, para as condições precárias que viviam
os sertanejos. Passaram-se mais de 70 anos e o que mudou? Nada, apenas o Estado
que sofre a cada ano.
Ao todo, 238 municípios baianos
estão em estado de emergência por falta de chuva. Em algumas localidades não
choveu nenhum dia este ano. Entretanto, a seca não é surpresa para nenhum
governo. Em entrevista ao Bahia
Notícias, o ex-diretor da Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e Parnaíba (Codevasf), o engenheiro Manoel Bomfim, afirma que foi feito há mais de
40 anos, pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), um estudo que comprovou que as grandes secas se
repetem na Bahia, em média, a cada 26 anos.
Se o governo sabe que a seca é
cíclica, porque não toma atitude para amenizar seu impacto? A resposta é simples,
levar água encanada para todas as regiões e construir açudes não é
“eleitoralmente viável”. É muito mais cômodo ao prefeito “tal” ou vereador “Zé”
levar um carro pipa para os necessitados em troca de votos. É assim que muitos
políticos sobrevivem e não é do interesse deles acabar com esta prática
viciosa.
Fiel ao PT nos últimos anos,
elegendo como presidentes, Lula e Dilma, o povo nordestino sofre com falta de
políticas estruturantes. Os programas de renda mínima, como Bolsa Família são
importantes, mas, não são suficientes para tirar milhões de pessoas da linha da
pobreza. Qualquer plano que não inclua a intensa industrialização, a
qualificação profissional, combinado com projetos estruturantes como transposição
de rios e água encanada para todos, não será eficaz para acabar com a miséria
da região.
Enquanto isso Súplica Cearense, Asa
Branca, Vidas Secas e os Sertões, continuam muito atuais.
“Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão”
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão”
Súplica Cearense
Parabéns pelo post. Quanto a questão da transposição de rios, é preciso repensar isso como solução. Tem gente que vive à beira do São Francisco por exemplo e, mesmo assim, em condições tão precárias quanto quem vive no meio da seca (!) Se os ribeirinhos são mal atendidos com a "solução" ali diante deles, transpor essa solução vai resolver alguma coisa? Tecnicamente sim, mas brasileiramente sabemos que não.
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