Imagem: Salvador Dali
Salvador é a cidade do
boato, não se pode negar, em tempos de agilidade tecnológica a coisa só piora.
Um carinha que está no Cab posta que houve um arrastão, o colega de Nazaré
reproduz/compartilha, em 1h toda a cidade está a par dos arrastões que vem acontecendo
na cidade. Mas, não foi só um? Ai já não adianta apuração ou 100 outros posts
negando, a porra já se espalhou...
A terceira maior cidade
do Brasil vive um caos administrativo, metereológico, de cidadania, falta tudo
e sobra nada, é desesperador. Professores em greve, rodoviários parando,
médicos em incessantes paralisações, a TranSalvador é a piada do século. Não
vemos avanços, melhorias, soluções, nada, isso não é novidade para nenhum
residente da nossa cidade (é mais do mesmo). A sensação é de que a cidade vem
sendo puxada para o fundo do poço, sem relutar, simplesmente vai junto com a
maré. O que vem a seguir é um relato simples, de alguém que estuda, trabalha e
se locomove por Salvador, essa é a minha rotina, mas tenho certeza que poderia
ser a sua.
Moro na extremidade da
cidade, em Mussurunga (já fui nômade, passei por Cajazeiras, Itinga, Nordeste e
Fazenda Grande do Retiro), trabalho no Centro Histórico, num horário até
agradável, às 9h, entretanto, é impossível praticá-lo sem sair de casa, 6h30 da
matina. Ando bastante, vou para a Paralela (20min), para pegar um ônibus que me
deixa no Aquidabã, a 10min do trabalho. Saio de lá às 13h, vou andando até a
Carlos Gomes (20min) para chegar ao meu segundo trabalho, na Ondina.
A volta para casa é o
mais complicado, o horário é de pico, chegar em casa antes das 20h30 é
praticamente uma proeza. Hoje (22), dia que antecede a greve dos rodoviários,
manifestações assolaram o início da noite, às 20h, consegui chegar à Chapada do
Rio Vermelho, a quilômetros de distância do meu destino final. E era um ônibus
cheio, “DJ
de buzu”, porque vamos e convenhamos, uma placa que sequer foi
pregada, vai fiscalizar?
Finalizo esse texto ao
chegar à Boca do Rio, imaginem que um segundo ônibus ainda me espera, mas a
questão aqui não são os meus problemas, é essa sensação de apatia, de nada mais
pode dar certo. O texto antes de qualquer coisa busca a discussão, de como
mudar o amanhã, sem demagogia, sem super-heróis ou gênio da lâmpada. Me ajudem,
preciso entender o que tem dado errado.
Ps¹. Cheguei em casa,
às 21h11.
Ps². Alguém precisa
avisar a colega de camiseta de listras brancas, roxas e lilás que já existe
desodorante 24h.
Ps³. A nossa DJ precisa
de aulas de como dançar arrocha.
*Texto da jornalista colaboradora Danielle Antão.